Reflexões de Dom Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro
RIO DE JANEIRO, segunda-feira, 15 de outubro de 2012 (ZENIT.org) - Cinquenta anos já são passados desde a solene abertura do Concílio Vaticano II, que, dois anos antes, foi anunciado com alegria pelo saudoso e bem-aventurado Papa João XXIII. A Igreja toda exultou de alegria pela notícia que ecoou pelos quatro cantos do mundo! Estava iniciando o maior acontecimento da Igreja do século vinte!
A sociedade humana caminha sem rumos sem a luz da fé! A Comunidade Cristã, diante das mudanças sociais e culturais em curso, necessitava dar respostas de fé às novas realidades. Deveria encontrar caminhos para anunciar a todo o mundo a Salvação em Cristo, para que o Espírito de Jesus penetrasse na vida humana e em suas atividades.
O Concilio Vaticano II trouxe novas perspectivas nas estruturas da Igreja, reafirmando sua missão de levar Cristo, “Lumen Gentium”, que resplandece no seu rosto aos anseios da humanidade, cujas alegrias e sofrimentos, “Gaudium et spes”, são também os seus.
Neste espírito evangélico missionário, a Igreja, na voz de Bento XVI, convoca-nos agora a um aprofundamento da vida de fé, para que brilhe nossa luz perante os desafios da civilização e da cultura atual, ao mesmo tempo em que nós mesmos devemos nos renovar, como Igreja, buscando encontrar caminhos para a nova evangelização, a fim de transmitir a fé cristã hoje.
O Santo Padre, ao proclamar o Ano da Fé, escreveu: “Não podemos aceitar que o sal se torne insípido e a luz fique escondida”. “Também o homem contemporâneo pode sentir a necessidade de ir, como a samaritana, ao poço para ouvir de Jesus o convite a crer Nele e beber daquela fonte, donde jorra água viva”.
Recordando as várias definições de fé, lembramo-nos da revelação em Hebreus: “a garantia antecipada do que se espera, a prova de realidades que não se veem.”, mas, ao mesmo tempo, como dom de Deus, ela se concretiza em uma vivência, uma experiência de vida.
Procurando nos encontrar na realidade dos dias que vivemos, achamo-nos incapazes de por nós mesmos descobrir um caminho para nós e para o mundo sem a presença de Deus. Ele se faz encontrar por todos aqueles que sinceramente se abrem ao seu encontro.
São Paulo, escrevendo aos Romanos, nos ensina que se revela a justiça de Deus pela féem Jesus Cristo, que São Tiago numa linguagem simples e direta se manifesta ao dizer que a fé deve se traduzir em vida e obras de vida eterna.
No Livro dos Provérbios (Pr. 16,1) está escrito que “Ao homem pertencem os projetos do coração, mas só de Deus vem a resposta”. Recebido de Deus o dom da vida, é nossa a missão de continuar essa obra, fazer progredir e realizar toda a criação tendo em vista o seu Cristo, a resposta de Deus ao projeto entregue ao homem. É pela fé, revelada no Evangelho, que o mundo encontrará o caminho do seu destino.
Todo o desenvolvimento humano deve ser impregnado do Evangelho para que todos dele possam se beneficiar, e toda a terra ser o celeiro para os povos e os caminhos da inteligência abertos a todos.
Para isso, os filhos da luz, todos aqueles que abriram seus corações, que beberam das fontes do Salvador na Palavra Deus e no Pão Eucarístico não podem deixar de anunciá-Lo a todos os homens.
O Ano da Fé, assim como o Sínodo sobre a Nova Evangelização, deve nos abrir novos caminhos na cultura atual, para que a perenidade evangélica brilhe com seu esplendor em nós e sobre toda a Terra. Onde a fé é viva, a cultura cristã não se torna antiquada, e brilhará no mundo uma nova humanidade que constrói a civilização do amor.
† Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ
Fonte: ZENIT.org
SAV - Equipe
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