Bem-Aventurada Maria Domingas Brun Barbantini, Religiosa e Fundadora das Irmãs Ministras dos
Enfermos de São Camilo
Sua Vida
Maria Domingas nasceu aos 17 de
janeiro de 1789, em Lucca, na Itália. Seus pais foram Pedro Brun e Joana
Granucci. O seu pai era Capitão da Guarda Suíça, na cidade de Lucca. A infância
de Maria Domingas foi serena. Desde cedo mostrou-se muito inteligente, firmeza
de caráter, decidida, inclinada à oração e às obras de misericórdia, muito
sensível às pessoas doentes.
Aos
18 anos, Maria Domingas deixou-se conquistar por um belo jovem, Salvador
Barbantini. Ela e ele casaram-se na catedral de Lucca, no dia 22 de abril de
1811, abençoados pelo tio de Maria Domingas, Padre Miguel Granucci. No mês de
setembro, do mesmo ano, durante uma festa, Salvador sofreu um ataque cardíaco
fulminante, morrendo ali mesmo, sem conhecer o filho que Maria Domingas
carregava no seu ventre.
Em
fevereiro de 1812, nascia-lhe o filho, Lourenço. Todo carinho e estima foi dado
àquela criança. Sua mãe, Maria Domingas, ia educando o tesou que o céu lhe
dera. Quando lhe parecia tudo bem, sobreveio uma segunda prova dolorosa: Maria
Domingas perde seu filho. Lourenço morreu com oito anos de idade, no dia 29 de
junho de 1820. A
sua enfermidade durou pouco menos de 42 horas, as quais sua mãe passou ao seu
lado.
Nestes
dois momentos de grandes perdas, do seu marido e seu filho, Maria Domingas foi
uma mulher de muita fibra e vigor. Sua força estava no Senhor. Sempre depositou
sua vida inteira sob a vontade divina. Ela pode ser comparada com pessoas como
Teresa de Jesus e Joana Francisca de Chantal, pois foram mulheres provadas no
sofrimento.
Desde
mocinha, Maria Domingas foi orientada espiritualmente por um Padre de nome
André del Prete. Foi ele quem estimulou e animou Maria Domingas nas horas
difíceis de sua vida, especialmente, nas perdas. Encorajou-a na prática das
obras de misericórdia. Na cidade de Lucca, em 1824, chegaram as Irmãs
Visitandinas (da Visitação), para fixar morada naquele lugar. Maria Domingas as
assistiu bem de perto, estava na cerimônia de boas-vindas e fez grandes doações
e ajuda para as Irmãs da Visitação.
Ainda,
quando vivia seu filho, Maria Domingas foi líder de uma associação caritativa,
a qual assistia os enfermos em
casa. Contava com ajuda de outras senhoras. A associação
chamava-se Pia União da Caridade, sob a proteção de Nossa Senhora das Dores e
São Camilo de Lellis.
Após
certo tempo de dedicação aos enfermos, de oração e consultas a alguns
conselheiros, Maria Domingas decide fundar uma Congregação que se dedicasse
exclusivamente à assistência dos enfermos. Bem sabia ela que para dar vida a
uma Congregação era preciso de pessoas que se identificassem com o serviço. Na
ocasião, recordou de duas senhoras: Ana Gini e Catarina Signori, ambas foram
membros da Associação da Caridade.
Uma
vez unidas, no dia 2 de fevereiro de 1829, dia da conversão de São Camilo, foi
dado início a obra caritativa de Maria Domingas, inicialmente com o nome de Pia
União das Irmãs Oblatas Enfermeiras de Maria Santíssima e de São Camilo de
Lellis. Obra tal nascia da paixão pelos doentes, pobres e abandonados.
Sempre
muito dedicada e perspicaz, Maria Domingas, reuniu em sua casa as companheiras
para organizar as diretrizes da Congregação que emergia. Chegaram a formulação
das primeiras Constituições. Essas foram levadas pelo clero de Lucca. Depois
foram encaminhadas à apreciação do Arcebispo, Dom João Domingo Stefanelli, o
qual, depois de um aguçado exame, no dia 5 de agosto de 1814 aprovou-as.
As
Irmãs precedidas pela Fundadora, Maria Domingas, emitiram seus primeiros votos
em 15 de agosto, Festa da Assunção de Nossa Senhora. O Hábito religioso só foi
introduzido 14 anos mais tarde, por volta de 1855. Nesta época a Congregação já
era conhecida como Congregação Religiosa das Irmãs Ministras dos Enfermos de
São Camilo de Lellis.
É
interessante notar que antes de Maria Domingas Brun Barbantini retirar-se por
terra fez muitas boas obras. Além de ajudar na fundação das Irmãs da Visitação,
em Luca, também ajudou outras fundações, como: das Irmãs Dorotéias (as
primeiras religiosas a chegar ao Brasil e em Portugal entre janeiro e junho de
1866), como também a Obra da Doutrina Cristã. Mas a Congregação do coração dela
era a qual se considerava a Fundadora, as Irmãs Ministras dos Enfermos de São
Camilo.
No
ano de 1860, o vigor de Maria Domingas vai-se esmorecendo, porém não cessa seu
trabalho. Oito anos mais tarde, no dia 19 de maio, após a missa, na vila de
Mammoli, sentiu-se muito fraca. Por recomendação médica, foi levada às pressas
para Luca, onde haveria melhores recursos. Não havia mais nada a fazer. Era
chegada a hora da sua partida. No dia 21 recebeu o Santo Viático. No outro dia
depois de algumas palavras e recomendações às suas Irmãs e companheiras, Maria
Domingas faleceu, era dia 22 de maio de 1868.
A
Fundadora das Irmãs Ministras dos Enfermos, Maria Domingas Brun Barbantini, foi
beatificada no dia 7 de maio de 1995, por sua Santidade o Papa João Paulo II,
na Praça São Pedro. Atualmente encontram-se espalhadas em várias cidades da
Itália, como também noutros países: Albânia, Brasil, Chile, Filipinas, Haiti,
Quênia, Taiwan e Tailândia.
Cabem-nos ainda, duas
últimas informações. A primeira: Aqui no Brasil as Irmãs Ministras dos Enfermos
chegaram em 1949, apostaram em Salvador-BA, onde assumiram os serviços do
Hospital Juliano Moreira (lugar onde viveu Castro Alves). A segunda: Maria
Domingas decide dedicar o nome da Congregação a São Camilo, além de todo o
serviço que vinha desenvolvendo, mas deve-se também a um encontro que teve com
o Padre Antonio Scalabrini, camiliano (1774-1864), em Lucca, no ano de 1828.
ORAÇÃO: Ó Bem-Aventurada Maria Domingas, que
foste esposa, mãe, viúva e religiosa, nós recorremos a ti. Tu que és
consoladora dos aflitos, mãe dos enfermos, roga pelos doentes e por todos os
que sofrem. Tu que experimentaste alegrias, dores e perdas em teu próprio lar
e, como Maria das Dores, te mantiveste firme, entendendo o amor nas entrelinhas
da dor, roga por nossas famílias. Sê nossa mediadora junto à Santíssima
Trindade, concedendo-nos a graça que necessitamos [...] Ajuda-nos a acolher na
fé o que não conseguimos compreender. Dá-nos cultivar o espírito de entrega e
de confiança Naquele que tudo pode. Amém. Bem-Aventurada
Maria Domingas, rogai por nós!
[Pe. Gilmar Antônio Aguiar, M.I.]
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