Maria Clara Bingemer, docente de Teologia na PUC Rio, apresenta o livro Jesus de Nazaré
Maria Emília Marega
ROMA, terça-feira, 20 de novembro de 2012(ZENIT.org) – O terceiro volume da obra de Joseph Ratzinger/Papa Bento XVI: “Jesus de Nazaré” , referente à infância de Jesus foi apresentado hoje em Roma. A docente de Teologia na Universidade Católica do Rio de Janeiro, Maria Clara Bingemer, participou da apresentação ao lado Cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do Pontifício Conselho para a Cultura, e do moderador, Padre Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano.
A brasileira Maria Clara Lucchetti Bingemer é uma das maiores estudiosas de Simone Weil, dentre suas publicações destaca-se o título Violência e reigião. Judaísmo, Cristianismo, Islamismo. Três religiões em confronto e diálogo.
Maria Clara fez uma “reflexão como leitora ressaltando o estilo do livro, que une rigor intelectual, profundidade, erudição, com uma grande espiritualidade”, fundamental na obra, e também muito propício para este período de preparação para o Natal. “É um livro mais para ser meditado, rezado, do que estudado”, afirmou a docente.
Em resposta à pergunta de ZENIT sobre a intenção do autor de conduzir o leitor em direção a uma leitura atualizada do Evangelho, Maria Clara disse que Bento XVI ressalta a "liberdade da criatura humana e como Deus respeita essa liberdade. Deus bate a porta de Maria e pede o consentimento dela para se encarnar, então, é um Deus que não se impõe, mas que se expõe amorosamente e a criatura cheia de fé que é Maria responde que sim”.
"Isso é muito lindo também para as mulheres hoje -prosseguiu Maria Clara- o Papa coloca em relevo a beleza da maternidade que é vocação fundamental para a mulher, mesmo para aquelas que não são mães biológicas, as religiosas consagradas; toda mulher é chamada de certa maneira a encarnar Jesus Cristo no seu corpo e por extensão todo cristão. O sim de Maria é a atitude que todo cristão é chamado a ter, esta é uma mensagem fundamental no livro”.
O livro ressalta também a fé das pessoas, por exemplo, quando comenta a fé de José - afirmou Maria Clara - “ele se vê diante daquela situação onde a sua noiva está grávida, e não é dele, e ele acredita que o que está acontecendo é do Espírito Santo. José aceita o filho que não é dele, o protege, assume, lhe dá nome”.
Outro tema destacado pela professora foi o “processo de encarnação do verbo, o processo de crescimento. Não é porque Jesus é Deus, filho de Deus, que está totalmente pronto, ele vai também crescendo, e o Papa fala sobre isso em seu livro, sobretudo quando comenta o episódio do templo”.
O livro foi publicado em 9 línguas diferentes e em 50 países e dentro de poucos meses será traduzido em 20 línguas, em 72 países.
Alguns trechos do último livro de Bento XVI que estará à venda amanhã
CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 20 de novembro de 2012 (ZENIT.org) – Publicamos a seguir dois trechos do manuscrito original do livro L’infanzia di Gesù (Rizzoli – Libreria Editrice Vaticana), a Infância de Jesus, de Joseph Ratzinger - Bento XVI, que estará amanhã nas livrarias, também em língua portuguesa.
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(...) Jesus nasceu em uma época que pode ser determinada com precisão. No início do ministério público de Jesus, Lucas oferece mais uma vez uma data detalhada e precisa daquele momento histórico: é o décimo quinto ano do reinado de Tibério César; também são mencionados o governador romano daquele ano e os tetrarcas da Galiléia , da Ituréia e da Traconítide, como também de Abilene, e os chefes dos sacerdotes (Lc 3,1 s).
Jesus não nasceu e apareceu em público no impreciso “era uma vez” do mito. Ele pertence a um tempo exatamente datável e a um ambiente geográfico precisamente definido: o universal e o concreto estão se tocando. Nele, o Logos, a Razão criadora de todas as coisas, entrou no mundo. O Logos eterno se fez homem, e disso faz parte o contexto de lugar e tempo. A fé está ligada a esta realidade concreta, ainda se depois, em virtude da Ressurreição, o espaço temporal e geográfico é superado e o “preceder na Galiléia” (Mt 28,7) do Senhor entra na vastidão aberta de toda a humanidade ( cf. Mt 28,16 ss.)
Da página 36 do manuscrito
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(...) Maria envolveu o menino em panos. Sem nenhum sentimentalismo, podemos imaginar o amor com que Maria se encaminhou à sua hora, terá preparado o nascimento do seu Filho. A tradição dos ícones, em base à teologia dos Padres, interpretou a manjedoura e os panos também teologicamente. A criança bem envolvida nos panos aparece como uma antecipação da hora da sua morte: Ele é desde o início o Imolado, como veremos ainda mais detalhadamente refletindo na palavra sobre o primogênito. Assim a manjedoura foi representada como uma espécie de altar.
Agostinho interpretou o significado da manjedoura com um pensamento que, a princípio, parece quase indecoroso, mas, examinado mais profundamente, contém, pelo contrário, uma profunda verdade. A manjedoura é o lugar no qual os animais encontram o seu alimento. Agora, no entanto, está na manjedoura Aquele que indicou a si mesmo como o verdadeiro pão descido do céu – como o verdadeiro alimento que o homem tem necessidade para ser pessoa humana. É o alimento que dá ao homem a vida verdadeira, aquela eterna. Deste modo, a manjedoura se torna uma referência para a mesa de Deus, à qual o homem está convidado, para receber o pão de Deus. Na pobreza do nascimento de Jesus descreve-se a grande realidade, na qual atua-se de modo misterioso a redenção dos homens.
Da página 38 do manuscrito
Fonte: ZENIT.org
SAV - Equipe
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