Evangelho segundo S. Marcos 9,2-10
Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João e levou-os, só a eles, a um monte elevado. E transfigurou-se diante deles.
As suas vestes tornaram-se resplandecentes, de tal brancura que lavadeira alguma da terra as poderia branquear assim.
Apareceu-lhes Elias, juntamente com Moisés, e ambos falavam com Ele.
Tomando a palavra, Pedro disse a Jesus: «Mestre, bom é estarmos aqui; façamos três tendas: uma para ti, uma para Moisés e uma para Elias.»
Não sabia que dizer, pois estavam assombrados.
Formou-se, então, uma nuvem que os cobriu com a sua sombra, e da nuvem fez-se ouvir uma voz: «Este é o meu Filho muito amado. Escutai-o.»
De repente, olhando em redor, já não viram ninguém, a não ser só Jesus, com eles.
Ao descerem do monte, ordenou-lhes que a ninguém contassem o que tinham visto, senão depois de o Filho do Homem ter ressuscitado dos mortos.
Eles guardaram a recomendação, discutindo uns com os outros o que seria ressuscitar de entre os mortos.
Comentário ao Evangelho do dia feito por :
Pedro o Venerável (1092-1156), abade de Cluny
Sermão 1 para a Transfiguração; PL 189, 959
«O Seu rosto resplandeceu como o Sol» (Mt 17,2)
Será de espantar que o rosto de Jesus tenha resplandecido como o sol, pois se Ele mesmo era o sol? Ele era o sol, mas escondido atrás de uma nuvem. Agora a nuvem afasta-se, e Ele resplandece por um instante. Que nuvem é essa que se afasta? Não é a própria carne em si, mas a fraqueza da carne que desaparece por um momento.
Essa nuvem é aquela de que o profeta fala: «O Senhor, montado so¬bre uma nuvem veloz [...]» (Is 19,1): é a nuvem da carne que cobre a divindade, leve porque tal carne não traz em si nada de mal; é a nuvem que dissimula o esplendor divino, leve porque irá elevar-se até ao esplendor eterno. É a nuvem da qual se diz, no Cântico dos Cânticos: «Anseio sentar-me à sua sombra» (Ct 2,3). Leve nuvem, carne que é a do «Cordeiro que tira o pecado do mundo» (Jo 1,29); e, tirado o pecado do mundo, eis que o mundo se eleva nas alturas dos céus, aliviado do peso de todos os seus pecados.
O sol coberto por esta carne não é aquele que se levanta «sobre os bons e os maus» (Mt 5,45), mas o «Sol de justiça» (Ml 3,20), que se levanta apenas para os que temem a Deus. Estando habitualmente coberta pela nuvem da carne, essa «luz verdadeira, que, ao vir ao mundo, a todo o homem ilumina» (Jo 1, 9) brilha hoje com todo o seu esplendor. Hoje, ela glorifica essa mesma carne; mostra-a deificada aos apóstolos, para que os apóstolos a revelem ao mundo.
SAV - Equipe
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