terça-feira, 14 de outubro de 2014

Deixemo-nos conquistar pelas "surpresas de Deus"



Durante sua homilia em Santa Marta, o Papa Francisco traçou a diferença entre o fechamento dos doutores da lei e a abertura de Jesus aos "sinais dos tempos"

Por Luca Marcolivio
ROMA, 13 de Outubro de 2014 (Zenit.org) - As "surpresas de Deus" são fruto dos "sinais dos tempos" e surgem da verdadeira escuta a Jesus, ao contrário da rigidez dos doutores da lei, definidos como "geração malvada", disse o Papa Francisco durante a homilia desta manhã na capela da Casa Santa Marta.
Os doutores "não entendiam os sinais dos tempos", em primeiro lugar, porque "estavam fechados em seu sistema", e tinham feito de sua lei "uma obra-prima."
Cada um deles sabia "o que se podia ou não ser feito, até onde ir. Estava tudo arrumado. E eles se sentiam seguros. Para os fariseus, o que Jesus fazia - "andar com os pecadores, comer com os publicanos" - eram "coisas estranhas" que colocava "a doutrina em perigo", que havia sido construída "ao longo dos séculos."
Feita a doutrina, eles "esqueceram a história" e "se esqueceram de que Deus é o Deus da lei, mas é o Deus das surpresas", as mesmas surpresas que tinha reservado para o seu povo, por exemplo, libertando-o da "escravidão do Egito".
Deus é o "Deus das surpresas", disse Francisco, porque "é sempre novo; nunca renega a si mesmo, nunca diz que o que havia dito estava errado, nunca, mas nos surpreende sempre".
Por um lado, os mestres da lei reivindicavam de Jesus um "sinal", por outro, "não entendiam os muitos sinais que Jesus dava e que indicavam que o tempo estava maduro". Ao mesmo tempo, "esqueceram que eles eram um povo em caminho", destinado a encontrar sempre "coisas novas".
Este caminho não é "absoluto em si mesmo", mas é o caminho rumo "à manifestação definitiva do Senhor", rumo “à plenitude de Jesus Cristo, quando virá pela segunda vez."
Esta geração procura um "sinal", mas o sinal não é "sinal de Jonas", mas sim o "sinal da Ressurreição, da Glória, da escatologia rumo à qual caminhamos."
Eles não entenderam a declaração de Jesus quando afirmou ser "o Filho de Deus", e então "rasgaram as suas vestes", dizendo que "era uma blasfêmia."
Os doutores da lei não entenderam que a mesma lei "que eles guardavam e amavam" conduzia justamente à Jesus Cristo.
Atualizando o conceito, o Papa Francisco perguntou: "Eu sou apegado às minhas coisas, às minhas idéias, fechado? Ou estou aberto às surpresas de Deus? Eu sou uma pessoa estática ou uma pessoa que caminha? Eu acredito em Jesus Cristo – no que Ele fez: morreu, ressuscitou e acabou a história - Eu acredito que o caminho prossiga rumo à maturidade, rumo à manifestação da glória do Senhor? Eu sou capaz de entender os sinais dos tempos e ser fiel à voz do Senhor que se manifesta neles?".
“Ao fazer estas perguntas, concluiu o Papa, peçamos ao Senhor: um coração que ame a lei, porque a lei é de Deus; mas que ame também as surpresas de Deus e que saiba que esta lei santa não é um fim em si mesma.”

Fonte: Zenit.org

SAV - Equipe

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