Acolhida, instrução, maturação, celebração, comunhão
Por José Barbosa de Miranda
BRASíLIA, 12 de Setembro de 2014 (Zenit.org) - A Igreja, a partir do Concílio Ecumênico Vaticano II, vem desenvolvendo esforços, com subsídios em documentos e exortações, para estimular as Dioceses a se dedicarem à evangelização-catequese permanente de adultos, introduzindo-os, responsavelmente, na comunidade eclesial. É o conteúdo apresentado nos artigos anteriores. Com uma sólida preparação com a instrução, paralela à celebração nos ritos da iniciação, dar-se-á a inserção no seio da Igreja. São os Ritos de Passagem ordenados no RICA-RITUAL DA INICIAÇÃO CRISTÃ DE ADULTOS. Todo esse processo denomina-se Catecumenato.
O Catecumenato era o caminho ordinário para conduzir os adultos aos mistérios divinos com a plena conversão, a profissão de fé, a participação na comunidade. Permanece como modelo para nossa catequese catecumenal de hoje. Não confundir Catecumenato com neo-catecumanto, um movimetno de Igreja.
O Concílio Vaticano II instrui sobre o catecumenato em seus diversos documentos.
SACROSANCTUM CONCILIUM
A Constituição sobre a Liturgia, entre as diversas respostas às exigências para um mundo em transformação, sentiu, pelos Padres Conciliares e assistidos pelo Espírito Santo, a necessidade de restaurar o catecumenato, como uma resposta à fé e à Igreja, no momento de mudança de épocas, determinando: “Restaure-se o catecumenato dos adultos dividido em diversas etapas, introduzindo-se o uso de acordo com o parecer do Ordinário do local. Desta maneira, o tempo do catecumenato, estabelecido para a conveniente instrução, poderá ser santificado com os sagrados ritos a serem celebrados em tempos sucessivos” (Sacrosanctum Concilium- SC, n. 64). “Revejam-se ambos os ritos do Batismo de adultos, tanto os mais simples como o solene, tendo em conta a restauração do catecumenato” (SC, n. 66).
O Concílio evoca a iniciação dos cristãos, na Igreja primitiva, ressaltando a necessidade de se criar ambiente para maturidade na fé, pela instrução, dando tempo, para que suas etapas sejam compreendidas, assimiladas, vividas e testemunhadas. É o momento de aprofundamento no mistério do Deus que se revela, criando raízes de sustentação.
O objetivo da Iniciação Cristã é tocar o coração da Igreja a partir dos seus filhos, amadurecendo a fé pela: transmissão da mensagem revelada, tanto oral como escrita; manifestação da presença salvadora de Cristo, na Igreja; apelo à conversão que transforme o coração de pedra em coração de carne; assumir o batismo para se tornar membro vivo do Corpo Místico de Cristo; radical conversão para aderir a Cristo e à sua Igreja.
CHISTUS DOMINUS
O Decreto sobre os Bispos e as Igrejas Particulares tece instruções sobre uma zelosa preparação dos catecúmenos, bem como, sobre a sólida formação dos catequistas: “Preocupem-se que a instrução catequética, que tem por fim tornar viva, explícita e operosa a fé ilustrada pela doutrina, seja administrada com diligente cuidado, quer às crianças e adolescentes, quer aos jovens e mesmo adultos. Ao transmiti-la, observe-se a ordem apta e o método conveniente, não só à matéria da qual se trata, mas também à índole, capacidade, idade e as condições de vida dos ouvintes. Assim, esta instrução se baseie na Sagrada Escritura, na Tradição, na Liturgia, no Magistério e na vida da Igreja. Além disto, zelem que os catequistas sejam perfeitamente preparados para a sua missão, conheçam cabalmente a doutrina da Igreja e aprendam, na teoria e na prática, as leis da psicologia e as disciplinas pedagógicas” (CD, n. 14).
O Christus Dominus oferece um programa completo para instauração, implantação, conteúdo e metodologia do catecumenato. Vai além, traça o perfil dos catequistas. Não satisfaz apenas o querer, mas o como, que parte da especificação do conteúdo a ser desenvolvido, da metodologia e pedagogia. Não é a mesma catequese que hoje se aplica, apenas mudando o nome, mas impregnada da Sagrada Escritura,catequese bíblica; instruindo sobre o mistério da Igreja, catequese eclesial; celebrando os mistérios revelados, catequese litúrgica.
AD GENTES
Como terceiro fundamento para o catecumenato, lembramos o Decreto Ad Gentes, sobre a Atividade Missionária da Igreja. A Igreja peregrina e missionária cumpre a sua missão tornando todos participantes do Mistério Trinitário através de Cristo, mediador entre Deus e os homens. Por isso assume o catecumenato como um serviço de Igreja, atendendo a ordem do Senhor: “Como eu fiz, vocês agora façam o mesmo” (Cf. Jo 13, 15). O catecumenato implica em: acolhida, instrução, maturação, celebração, comunhão. Isso é uma caminhada para ser Igreja, como instrui o Decreto Ad Gentes:“Aqueles que receberam de Deus por meio da Igreja a fé em Cristo, sejam admitidos ao catecumenato, mediante cerimônias litúrgicas. O catecumenato não é mera exposição de dogmas e preceitos, mas uma formação e uma aprendizagem de toda a vida cristã; prolongada de modo conveniente, por cujo meio os discípulos se unem com Cristo seu Mestre. Por conseguinte, sejam os catecúmenos convenientemente iniciados no mistério da salvação, na prática dos costumes evangélicos, e com ritos sagrados, a celebrar em tempos sucessivos, sejam introduzidos na vida da fé, da liturgia e da caridade do Povo de Deus. Em seguida, libertos do poder das trevas pelos sacramentos da iniciação cristã, mortos com Cristo e com Ele sepultados e ressuscitados, recebem o Espírito de adoção de filhos e celebram, com todo o Povo de Deus, o memorial da morte e ressurreição do Senhor” (AG, n. 14).
Esse itinerário catecumenal parte de uma comunidade que já vive o Evangelho, principalmente dos catequistas, que, além de conhecerem o Evangelho a ser transmitido, o testemunhem intensamente.
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Fonte: Zenit.org
SAV - Equipe
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