O
Senhor Jesus que passou pelo mundo fazendo o bem, curando os enfermos,
recuperando a vista aos cegos, incluindo no amor de Deus os excluidos, continua
a pedir nossa ajuda para a costrução do Reino de Deus no mundo de hoje. “Curai
os doentes, ressucitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios”
(Mt 10,8). Assim, somos convidados pelo Senhor à fazer parte do seu trabalho,
usar de nossa “força” para tornarmos o mundo, ainda que seja um pedacinho dele,
melhor e mais fraterno. Cristo conta com aqueles que desejam abraçar a causa
pela evangelização para se tornar a força viva e convicta para um mundo melhor.
O
santo padre o Papa Francisco em sua visita ao Brasil na jornada mundia da
juventude, disse: “Deus chama para escolhas definitivas, Ele tem um projeto para
cada um: descobri-lo, responder à própria vocação significa caminhar na direção
da realização jubilosa de si mesmo. A todos Deus nos chama à santidade, a viver
a sua vida, mas tem um caminho para cada um. Alguns são chamados a se
santificar constituindo uma família através do sacramento do Matrimônio. (…)
alguns ao sacerdócio, a se doar a Ele de modo mais total, para amar a todos com
o coração do Bom Pastor. A outros, chama para servir os demais na vida
religiosa: nos mosteiros, dedicando-se à oração pelo bem do mundo, nos vários
setores do apostolado, gastando-se por todos, especialmente os mais
necessitados”.
É
desta forma que o Cristo deseja permanecer vivo nos dia de hoje, mas para isso
conta com a ajuda daqueles que se sentem chamados a abraçar a vida a qual Ele
chama. Tentando levar o entusiasmo àqueles que desejam abraçar a causa da
evangelização por meio do sim á vida religiosa e espiritualidade camiliana,
estaremos realizando nos dias 22, 23 e 24 de agosto um encontro de convivência
vocacional em nosso seminário maior, onde moram os estudantes de filosofia.
Você é nosso convidado à estar presente e conhecer mais de perto nosso estilo
de vida consagrada, nosso trabalho junto aos enfermos e nossa espiritualidade
que parte do esforço deixado por nosso pai espiritual São Camilo de Lellis
(1550-1614).
Venha
participar conosco e nos conhecer melhor. Lembrem-se sempre das palavras do
santo padre: “Não
tenham medo daquilo que Deus lhes pede! Vale a pena dizer “sim” a Deus. N’Ele
está a alegria!”.
Um
fraterno abraço com uma benção especial! Saúde e paz!
Maria Madalena é uma personagem feminina do Novo Testamento. Provavelmente natural de Magdala (daí o nome Madalena), foi uma das "piedosas mulheres" que acompanhavam Jesus, que a havia libertado de sete demônios. Assistiu à crucifixão e à deposição de Cristo e foi testemunha da Ressurreição do Mestre. Tradicionalmente é identificada com a anônima "pecadora arrependida" de que fala Lucas, aquela que perfumou os pés de Jesus, banhou-os com suas lágrimas e enxugou-os com os próprios cabelos; a sua figura representa, para a cristandade, o símbolo da penitente. A Igreja romana, seguindo são Gregório Magno, além de a identificar com a "pecadora", também a confunde frequentemente com Maria de Betânia, irmã de Lázaro, e celebra as três Marias com uma única festa. A Igreja grega, ao contrário, seguindo Orígenes, distingue as três figuras, celebrando três festas diferentes.
S. Lourenço de Brindisi (Brindes), religioso, Doutor da Igreja, +1619
Foi um homem providencial que marcou sua época. Exímio cruzado, pregador, apologista, diplomata, taumaturgo e sábio, amigo de Papas, do Imperador e de Príncipes, foi venerado ainda em vida pelo povo como Santo.
Uma ordem em expansão. No capítulo houve grande concordância
Por Sergio Mora
ROMA, 18 de Julho de 2014 (Zenit.org) - A ordem dos camilianos fez 400 anos e recebeu, um dia antes do 14 de Julho, momento de conclusão do seu ano jubilar, a saudação do Papa Francisco - "Cumprimento agora – disse o Santo Padre – com muito carinho todos os filhos e filhas espirituais de são Camilo de Lellis, que celebra amanhã o 400 º aniversário de sua morte. Convido a família camiliana, no clímax desse ano jubilar, a ser um sinal do Senhor Jesus que como bom samaritano, se agacha sobre as feridas do corpo e do espírito da humanidade que sofre, derramando o azeite da consolação e o vinho da esperança”. "
ZENIT conversou com Frei Carlo Mangioni, porta-voz da ordem, que salientou que o ano jubilar foi uma ocasião preciosa para renovar a vocação, superando algumas dificuldades recentes.
Perguntado sobre o Capítulo Geral realizado no final de junho, disse que vieram de todo o mundo superiores, delegados e provinciais da ordem. E que “durante esses cinco dias elegeram o novo superior geral, o padre Leocir Pessini, brasileiro de origem italiana, superior provincial do Brasil”. Disse que o capítulo "encontrou grande unidade, de tal forma que o superior geral e os quatro conselheiros conseguiram a maioria absoluta na primeira eleição”.
As pessoas que foram eleitas, lembrou o porta-voz, são relativamente jovens. Além do superior geral, foi escolhido como o vigário geral o sacerdote de Burkina Faso, Laurent Zoungrana, nascido em 1956; como segundo consultor, o espanhol Frei José Ignacio Santaolalla Sáez, de 1966. O terceiro consultor foi o Padre Aris Miranda, filipino, de 1967; e o quarto é um consultor italiano, o padre Gianfranco Lunardon, nascido em 1971.
Sobre o capítulo geral acrescentou que "foi pauta o projeto camiliano em continentes que crescem como a Ásia e África, a América e também a Europa. Um projeto amplamente discutido e aprovado".
ZENIT também perguntou sobre a tempestade que a congregação enfrentou, causada pela má gestão dos fundos por parte de um administrador leigo no qual se tinha colocado muita confiança. Investigação que, na Itália, fez com que o ex-superior fosse submetido a um processo civil.
Mangione disse que nesta crise, "desde o começo fomos acompanhados com muito carinho, de forma muito materna pela Igreja”. Disse que a mensagem do Papa Francisco "nos tem feito muito bem" e que "o quarto centenário abriu uma nova esperança dentro da ordem depois desse terrível temporal, e ao mesmo tempo permitiu dar uma visibilidade à parte saudável e majoritária da congregação e das suas atividades”.
Acrescentou que o superior geral, na conclusão do ano jubilar, na Igreja romana de Santa Maria Magdalena, em sua homilia, nos disse: "Nos últimos meses temos percebido com clareza que o coração materno da Igreja protegeu a pureza original da 'pequeno planta’ do nosso carisma e nos empurrou com coragem para relançar o precioso dom da caridade misericordiosa para com os doentes".
Questionado sobre o trabalho dos camilianos e se algo mudará nas estruturas, o porta-voz disse que as estruturas ajudam especialmente as missões. Reconheceu que "as dificuldades existem e que torna-se necessário ver a oportunidade de algumas delas para entender o quanto sejam oportunas hoje e qual é o seu valor carismático. No capítulo se falou sobre isso e foi dado à nova Consulta o mandado de aprofundar esta problemática”.
Sobre as vocações disse que a ordem religiosa "está em expansão, com vocações mais numerosas na África e Ásia, também na América Latina. E embora na Europa sejam menos, aí estão e recordou com alegria que "nós tivemos em julho a ordenação de dois jovens da cidade de Bucchianico, onde São Camillo nasceu. E em setembro outros três dessa cidade entraram no noviciado”. (Trad.T.S.)
Beato Inácio de Azevedo e companheiros, mártires, +1570
Inácio de Azevedo nasceu em Portugal, no Porto, no ano de 1527, era filho de D. Emanuel e Dona Violante, descendentes de famílias lusitanas ricas e nobres. Aos dezoito anos de idade, tornou-se administrador dos bens familiares.
Em 1548, após um retiro em Coimbra, decidiu-se pela vida religiosa, entrando ma Companhia de Jesus. Revelou-se excelente religioso, tendo sido nomeado reitor do Colégio Santo Antônio em Lisboa, antes mesmo de terminar o curso de teologia, apenas com 26 anos de idade. Após o fim do seu curso, foi mandado a Braga, para assessorar o bispo da cidade na reforma da Diocese.
No ano de 1565, São Francisco Borja confiou a Inácio a inspeção das missões das Índias e do Brasil, durando esta visita cerca de três anos. No seu relatório, Inácio pedia reforços e São Francisco de Borja ordenou-lhe que recrutasse em Portugal e Espanha elementos para o Brasil. Após cinco meses de intensos preparativos religiosos, no dia 5 de Junho de 1570, Inácio e mais 39 companheiros, partiram no navio mercante São Tiago enquanto outros trinta companheiros seguiam em barcos de guerra.
Jacques Sourie, que partiu de La Rochelle para capturar os jesuítas, alcançou-os e estes, após muita luta, foram dominados pelos calvinistas; Sourie declarou salvar a vida de todos os sobreviventes com excepção dos jesuítas; estes foram cruelmente degolados. O número de mártires chegou a 40, pois também foi degolado um postulante que havia sido recrutado durante a viagem.
Dos seus quarenta companheiros de martírio, nove eram espanhóis e os demais portugueses. O culto desses mártires foi confirmado pelo Papa Pio IX em 1854.
A ordem dos Carmelitas tem como modelo o profeta Elias e caracteriza-se por uma profunda devoção a Maria. A Sagrada Escritura fala da beleza do Monte Carmelo, onde o profeta Elias defendeu a fé do povo de Israel no Deus vivo e verdadeiro. Carmelo em hebraico significa "vinha do Senhor".
Ali Elias enfrentou os profetas de Baal. Segundo o Livro das Instituições, Elias teve uma visão em que a Virgem lhe apareceu sob a figura de uma pequena nuvem que saía da terra e se dirigia ao Carmelo.
Em 93, os monges construíram sobre o Monte Carmelo uma capela em honra à Virgem Maria. As gerações de monges sucederam-se através dos tempos. Em 1205, o patriarca de Jerusalém deu-lhes uma Regra baseada no trabalho, na meditação das Escrituras, na devoção a Nossa Senhora, na vida contemplativa e mística.
Entretanto, ainda no século XIII, os muçulmanos invadiram a Terra Santa. Os eremitas do Monte Carmelo fugiram para a Europa. Nesta época, tinham como superior geral São Simão Stock. Enquanto rezava, pedindo a Nossa Senhora que fosse a protetora da Ordem dos Carmelitas, recebeu das mãos de Nossa Senhora do Carmo o escapulário: «Eis o privilégio que te dou à ti e a todos os filhos do Carmelo: "todo o que for revestido desse hábito será salvo".»
Hoje, eu gostaria de falar de São Boaventura de Bagnoregio. Confesso que, ao propor-vos este tema, sinto certa nostalgia, porque me lembro das pesquisas, que fiz, como jovem estudante, precisamente sobre este autor, particularmente querido para mim. Seu conhecimento incidiu muito em minha formação. Com muita alegria, há poucos meses, peregrinei ao lugar do seu nascimento, Bagnoregio, uma pequena cidade italiana, no Lácio, que custodia com veneração sua memória.
Nascido provavelmente em 1217 e falecido em 1274, ele viveu no século XIII, uma época em que a fé cristã, penetrada profundamente na cultura e na sociedade da Europa, inspirou obras imperecíveis no campo da literatura, das artes visuais, da filosofia e da teologia. Entre as grandes figuras cristãs que contribuíram para a composição desta harmonia entre fé e cultura, destaca-se precisamente Boaventura, homem de ação e de contemplação, de profunda piedade e de prudência no governo.
Ele se chamava Giovanni da Fidanza. Um episódio que ocorreu quando ele ainda era menino marcou profundamente sua vida, como ele mesmo relata. Ele tinha contraído uma grave doença e nem sequer seu pai, que era médico, esperava salvá-lo da morte. Sua mãe, então, recorreu à intercessão de São Francisco de Assis, canonizado há pouco. E Giovanni foi curado. A figura do Pobrezinho de Assis se tornou ainda mais familiar para ele alguns anos depois, quando se encontrava em Paris, por razões de estudo. Havia obtido o diploma de Professor de Artes, que poderíamos comparar ao de um prestigioso Liceu da nossa época. Nesse ponto, como tantos jovens do passado e também de hoje, Giovanni se fez uma pergunta crucial: “O que vou fazer com a minha vida?”.
Fascinado pelo testemunho de fervor e radicalidade evangélica dos Frades Menores, que haviam chegado a Paris em 1219, Giovanni bateu à porta do convento franciscano dessa cidade e pediu para ser acolhido na grande família dos discípulos de São Francisco.
Muitos anos depois, explicou as razões da sua escolha: em São Francisco e no movimento iniciado por ele, reconheceu a ação de Cristo. De fato, escreveu em uma carta dirigida a outro religioso: “Confesso diante de Deus que a razão que me fez amar mais a vida do beato Francisco é que se parece com o início e com o crescimento da Igreja. A Igreja começou com simples pescadores e se enriqueceu imediatamente com doutores muito ilustres e sábios; a religião do beato Francisco não foi estabelecida pela prudência dos homens, mas por Cristo” (Epistula de tribus quaestionibus ad magistrum innominatum, em Opere di San Bonaventura. Introduzione generale, Roma 1990, p. 29).
Portanto, por volta de 1243, Giovanni vestiu o hábito franciscano e assumiu o nome de Boaventura. Foi imediatamente dirigido aos estudos e frequentou a Faculdade de Teologia da Universidade de Paris, seguindo um conjunto de cursos muito difíceis. Recebeu os diversos títulos requeridos pela carreira acadêmica, os de “bacharel bíblico” e o de “bacharel sentenciário”. Assim, Boaventura estudou profundamente a Sagrada Escritura, as Sentenças de Pietro Lombardo, o manual de teologia daquela época e os mais importantes autores de teologia; e, em contato com os professores e estudantes que chegavam a Paris de toda a Europa, amadureceu sua própria reflexão pessoal e uma sensibilidade espiritual de grande valor que, no decorrer dos seguintes anos, ele soube mostrar em suas obras e sermões, convertendo-se, assim, em um dos teólogos mais importantes da história da Igreja. É significativo recordar o título da tese que ele defendeu para recebera habilitação no ensino da teologia, a licentia ubique docendi, como se dizia na época. Sua dissertação intitulava-se “Questões sobre o conhecimento de Cristo”. Este tema mostra o papel central que Cristo teve sempre na vida e nos ensinamentos de Boaventura. Podemos dizer sem hesitar que todo o seu pensamento foi profundamente cristocêntrico.
Naqueles anos, em Paris, a cidade adotiva de Boaventura, começou uma violenta polêmica contra os Frades Menores de São Francisco de Assis e os Frades Pregadores de São Domingos de Gusmão. Discutia-se seu direito de lecionar na Universidade e se duvidava inclusive da autenticidade da sua vida consagrada. Certamente, as mudanças introduzidas pelas Ordens Mendicantes na forma de entender a vida religiosa, das quais falei nas catequeses anteriores, eram tão inovadoras que nem todos chegavam a compreendê-las. Acrescentavam-se também, como às vezes acontece entre pessoas sinceramente religiosas, motivos de fraqueza humana, como a inveja e o ciúme.
Boaventura, ainda que cercado pela oposição dos demais professores universitários, já havia começado a lecionar na cátedra de teologia dos Franciscanos e, para responder àqueles que criticavam as Ordens Mendicantes, compôs um escrito intitulado “A perfeição evangélica”. Nele, demonstra como as Ordens Mendicantes, especialmente os Frades Menores, praticando os votos de pobreza, castidade e obediência, seguiam os conselhos do próprio Evangelho. Muito além destas circunstâncias históricas, o ensinamento proporcionado por Boaventura nesta obra e em sua vida permanece sempre atual: A Igreja se torna luminosa e bela pela fidelidade à vocação desses filhos seus e dessas filhas suas que não somente colocam em prática os preceitos evangélicos, mas que, por graça de Deus, estão chamados a observar seus conselhos e, assim, dão testemunho, com seu estilo de vida pobre, casto e obediente, de que o Evangelho é fonte de alegria e de perfeição.
O conflito se apaziguou, pelo menos por certo tempo e, por intervenção pessoal do Papa Alexandre IV, em 1257, Boaventura foi reconhecido oficialmente como doutor e professor da universidade parisiense. Contudo, teve de renunciar a este prestigioso cargo, porque nesse mesmo ano o capítulo geral da ordem o elegeu como ministro geral.
Ele desempenhou este cargo durante 17 anos, com sabedoria e dedicação, visitando as províncias, escrevendo aos irmãos, intervindo às vezes com certa severidade para eliminar os abusos. Quando Boaventura começou este serviço, a Ordem dos Frades Menores havia se desenvolvido de maneira prodigiosa: eram mais de 30 mil os frades dispersos em todo o Ocidente, com presenças missionárias no norte da África, no Oriente Médio e também em Pequim. Era preciso consolidar esta expansão e sobretudo conferir-lhe, em plena fidelidade ao carisma de Francisco, unidade de ação e de espírito.
De fato, entre os seguidores do santo de Assis, registravam-se diversas formas de interpretar sua mensagem e existia realmente o risco de uma fratura interna. Para evitar esse perigo, o capítulo geral da ordem em Narbona, em 1260, aceitou e ratificou um texto proposto por Boaventura, no qual se unificavam as normas que regulavam a vida cotidiana dos Frades Menores. Boaventura intuía, contudo, que as disposições legislativas, ainda inspiradas na sabedoria e na moderação, não eram suficientes para garantir a comunhão do espírito e dos corações. Era necessário compartilhar os mesmos ideais e as mesmas motivações. Por esta razão, Boaventura quis apresentar o autêntico carisma de Francisco, sua vida e seus ensinamentos. Por isso, recolheu com grande zelo documentos relativos ao Pobrezinho e escutou com atenção as lembranças daqueles que haviam conhecido diretamente Francisco. Daí nasceu uma biografia, historicamente bem fundada, do Santo de Assis, intitulada Legenda Maior, redigida também de maneira mais sucinta e chamada, por isso, de Legenda Minor. A palavra latina, ao contrário da italiana (e também do termo em português, “lenda”, N. do T.), não indica um fruto da fantasia, mas, pelo contrário, legenda significa um texto autorizado, a “ser lido” oficialmente. De fato, o capítulo geral dos Frades Menores, em 1263, reunido em Pisa, reconheceu na biografia de São Boaventura o retrato mais fiel do fundador e esta se converteu, assim, na biografia oficial do Santo.
Qual é a imagem de São Francisco que surge do coração e da caneta do seu filho devoto e sucessor, São Boaventura? O ponto essencial: Francisco é um alter Christus, um homem que buscou Cristo apaixonadamente. No amor que conduz à imitação, ele se conformou inteiramente com Ele. Este ideal, válido para todo cristão, ontem, hoje e sempre, foi indicado como programa também para a Igreja do terceiro milênio pelo meu predecessor, o venerável João Paulo II. Este programa, escrevia na carta Tertio Millennio ineunte, centra-se “no próprio Cristo, que temos de conhecer, amar, imitar, para n’Ele viver a vida trinitária e com Ele transformar a história até sua plenitude na Jerusalém celeste” (n. 29).
Em 1273, a vida de São Boaventura teve outra mudança. O Papa Gregório X quis consagrá-lo bispo e nomeá-lo como cardeal. Pediu-lhe também que preparasse um importantíssimo acontecimento eclesial: o II Concílio Ecumênico de Lion, que tinha como objetivo o restabelecimento da comunhão entre a Igreja latina e a grega. Ele se dedicou a esta tarefa com diligência, mas não chegou a ver a conclusão daquela cúpula ecumênica, porque morreu durante sua realização. Um anônimo notário pontifício compôs um elogio a Boaventura, que nos oferece um retrato conclusivo deste grande santo e excelente teólogo: “Homem bom, afável, piedoso e misericordioso, repleto de virtudes, amado por Deus e pelos homens (...). Deus, de fato, havia lhe dado tal graça, que todos aqueles que o viam eram invadidos por um amor que o coração não podia ocultar” (cf. J.G. Bougerol, Bonaventura, en A. Vauchez (vv.aa.), Storia dei santi e della santità cristiana. Vol. VI. L’epoca del rinnovamento evangelico, Milão, 1991, p. 91).
Recolhamos a herança deste santo doutor da Igreja, que nos recorda o sentido da nossa vida com estas palavras: “Na terra, podemos contemplar a imensidão divina através da razão e do assombro; já na pátria celeste – onde seremos semelhantes a Deus –, por meio da visão e do êxtase, entraremos na alegria de Deus” (La conoscenza di Cristo, q. 6, conclusione, em Opere di San Bonaventura. Opuscoli Teologici /1, Roma 1993, p. 187).
Camillo testemunhou que o acolhimento e cuidado daquele que sofre e está doente é o cuidado com o próprio Cristo
Por Fabiano Farias de Medeiros
HORIZONTE, 14 de Julho de 2014 (Zenit.org) - Camilo de Lellis nasceu em Bacchianico, cidade do reino de Nápoles na Itália, no dia 25 de maio de 1550. Filho de Camila Compelli e João de Lellis, a criança foi fruto da velhice do casal. Seu pai era militar e sua mãe o concebeu aos sessenta anos. Desde cedo viveu ao lado da mãe que o educou na fé e na doutrina cristã, contudo Camilo era disperso quando se tratava dos estudos. Aos treze anos perdeu sua mãe e foi morar com seu pai no quartel. Seu pai não era um exemplo de conduta e por conta disso mudavam sempre de quartel até que o jovem Camilo, incentivado por seu pai, ingressou no serviço militar.
Aos 17 anos alistou-se no exército de Veneza. Sua pouca instrução não permitiu que o jovem aspirasse patentes maiores, permanecendo como soldado e contemplando os sofrimentos de muitos pelas doenças e conflitos. Aos dezenove anos perdeu seu pai e adquiriu uma úlcera em seu pé. Camilo enveredou pelos caminhos de seu pai e passou a ser violento e viciado em jogos. A ferida no corpo e na alma só aumentava e o jovem sem condições foi levado para Roma e foi internado no Hospital Santiago. Em troca do tratamento ofereceu seus trabalhos como servente. Não estava ainda bem recuperado, novamente apresentou-se aos militares e empreendeu conflito contra os turcos. Em 1573, novamente viu-se em condição deplorável.
Foi acolhido em um mosteiro capuchinho onde pôde então cair em si e diante da graça que o alcançou, aos vinte e cinco anos ingressou na Ordem dos Franciscanos. Retornou ao Hospital Santiago para tratamento, mas desta vez com o propósito de ajudar no cuidado dos doentes como voluntário. Em 1582 decidiu criar uma companhia para voluntariamente cuidar e amparar os pobres e enfermos. Retornou aos estudos com 32 anos e aos 34 foi ordenado sacerdote.
A companhia cresceu e foi reconhecida pelo Papa Gregório XIV em 21 de setembro de 1591 e intitulada Congregação dos Ministros Camilianos. Camilo teve sua ferida agravada e muito doente faleceu em Roma no dia 14 de julho de 1614. Em 1746 foi canonizado pelo Papa Bento XIV e em 1886 foi declarado Padroeiro dos Enfermos pelo Papa Leão XIII.
O Santo Padre envia mensagem em vídeo para o hospital Gemelli de Roma
Por Redação
CIDADE DO VATICANO, 14 de Julho de 2014 (Zenit.org) - O papa Francisco enviou neste domingo uma mensagem em vídeo para os pacientes do hospital romano Agostino Gemelli, desculpando-se por ter cancelado, devido a uma indisposição, a visita programada às suas dependências no último dia 27 de junho. ''Entendo a decepção não só dos responsáveis, mas de todos os que trabalharam com tanto esforço e paixão. Entendo a decepção dos enfermos, que tinham se preparado para rezar juntos durante a Santa Missa e a quem eu gostaria de cumprimentar pessoalmente''.
No vídeo, Francisco incentivou os doentes a cultivarem na oração o gosto pelas coisas de Deus: “Sejam testemunhas de que só em Deus está a força. Vocês, enfermos, que experimentam a fragilidade do corpo, podem testemunhar fortemente para as pessoas que estão ao seu redor o quanto é precioso o dom da vida, do Evangelho, o amor misericordioso do Pai, em vez do dinheiro e do poder. Aliás, mesmo quando uma pessoa é ‘importante’ na lógica mundana, nem mesmo ela pode acrescentar um só dia à própria vida”.
O papa recordou também as “duas faces” do verão: “Muitos partem para descansar um pouco, mas o verão é também um momento difícil para os idosos e para os enfermos que ficam sozinhos e que, com grande dificuldade, encontram assistência nas grandes cidades. Desta maneira, o tempo do descanso é também um momento em que as dificuldades da vida aumentam”.
Antes de finalizar, o pontífice destacou a paixão e a dedicação do pessoal do hospital e lhes agradeceu encarecidamente pelo trabalho. “Saibam que eu desejava muito este encontro, mas, como vocês bem entendem, nós não somos donos da nossa vida e não podemos decidir de acordo com o nosso gosto. Temos que aceitar as fragilidades. Comigo, vocês cultivam a confiança de que só em Deus está a nossa força. Eu confio todos vocês a Maria e peço que continuem rezando por mim, porque eu preciso”.
São Camilo de Lellis, nasceu em Bucchianico de Chieti. O seu pai era marquês, homem de armas e dele herdou a coragem e a espada. Ficou muitas vezes internado no hospital de São Thiago em Roma, buscando tratamento para um tumor; pagava a diária do hospital trabalhando como servente, pois o vício do jogo fê-lo perder todo o dinheiro que tinha. Colocou-se então ao serviço dos capuchinhos e, nesse período, teve a graça da conversão e decidiu mudar de vida.
Ficou então como ajudante no hospital, servindo principalmente aos doentes mais repugnantes. Ausentava-se apenas nos domingos de folga, que passava ao lado de São Felipe Néri, pelo qual foi influenciado na determinação da obra que estava para empreender.
Foi no final do Ano Santo de 1575, quando os poucos hospitais romanos se mostravam insuficientes para atender todos os peregrinos necessitados de assistência que São Camilo de Lellis fundou a Congregação dos Ministros, ou seja, servidores dos enfermos que deveriam cuidar espiritualmente e corporalmente dos doentes. Passado dois anos, São Camilo foi ordenado sacerdote e continuou dirigindo os seus religiosos durante mais vinte anos. A sua dedicação aos doentes era tanta, que sempre repetia quando alguém queria tirá-lo do leito dos enfermos: "Estou ocupado com nosso Senhor Jesus Cristo."
São Camilo de Lellis morreu no dia 14 de Julho do ano 1614 e foi canonizado em 1746. Em 1886, foi declarado patrono dos enfermos e dos hospitais.
São Camilo foi um dos Santos que mais intensamente viveu o mistério da redenção no seu acontecer cotidiano através da cruz e, por inspiração divina, formou uma nova escola de caridade, instituindo a Ordem e a Família Camiliana.
Um contemporâneo de São Camilo de Lellis informa-nos que o santo ao lado do doente participava a tal ponto de sua condição que ‘adorava o enfermo com a pessoa do Senhor’. Não está porventura escrito no Evangelho: ‘Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, Amim mesmo o fizestes’ (Mt 25, 40)”?
“Também hoje, como ontem e como sempre, continua a ser válida a recomendação: ‘Em qualquer cidade em que entrardes... curai os enfermos que nela houver e dizei a todos: ‘O Reino de Deus está próximo’ (Lc 10, 8s.). Recordada disto, a Igreja fez-se promotora, desde as suas origens, da assistência sócio-sanitária, reconhecendo na solicitude pelo mundo do sofrimento um dos dados qualificantes da ação redentora, segundo a indicação do Senhor, o qual veio anunciar ‘a Boa Nova aos pobres; proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos, o recobrar a vista; libertar os oprimidos, proclamar o ano da graça do Senhor’” (Lc 4, 1-19; cf. Is 61, 1).
Tal mensagem tornou-se já no Senhor ação, porque ‘Jesus percorria as cidades e aldeias ensinando nas sinagogas, proclamando a Boa Nova do Reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades (Mt 9, 35). Não deve causar admiração que, em todos os tempos, também os discípulos de Jesus tenham sentido a implemente necessidade de traduzir em fatos a ordem que lhes deixara o Mestre divino. Um destes, pronto a aceitar e a pôr em prática de maneira heróica o exemplo do Senhor, foi precisamente São Camilo de Lellis.
As condições diferentes dos tempos (4 séculos), nada tiraram da validade da intuição de São Camilo, e até lhe solicitam novas expressões, em harmonia com as exigências do hodierno contexto social. Se de fato o progresso da civilização é devido à aumentada possibilidade de servir o homem, o carisma camiliano não pode deixar de encontrar confirmação e crescente aplicação.
(João Paulo II, por ocasião de sua visita ao Hospital São Camilo em Roma)
No Angelus, o Papa comenta a parábola do semeador; lança um apelo pela paz; recorda o "Domingo do Mar" e cumprimenta os Camilianos
Por Redação
ROMA, 13 de Julho de 2014 (Zenit.org) - Apresentamos as palavras do Papa Francisco pronunciadas neste domingo, 13 de julho, diante dos fiéis reunidos na Praça de São Pedro para rezar a oração mariana do Angelus.
Irmãos e irmãs, bom dia!
O Evangelho deste domingo (Mt 13,1-23) nos mostra que Jesus prega na margem do lago da Galiléia, e por que uma grande multidão estava em volta dele, ele vai para um barco, afastando-se um pouco da costa e prega por lá. Quando fala ao povo, Jesus utiliza muitas parábolas: uma linguagem compreensível a todos, com imagens da natureza e de situações da vida cotidiana.
A primeira é uma introdução a todas as parábolas: do semeador que sem poupar lança a sua semente em qualquer tipo de terreno. E o verdadeiro protagonista desta parábola é a própria semente, que produz mais ou menos frutos, dependendo do terreno em que caiu. Os três primeiros terrenos são improdutivos: no caminho a semente é comida por pássaros; no terreno rochoso os rebentos secam rapidamente porque não têm raízes; entre os espinhos a semente é sufocada pelos espinhos. O quarto terreno é a terra boa, e só ali, a semente se enraíza e produz frutos.
Neste caso, Jesus não se limitou a apresentar a parábola, Ele também explicou aos seus discípulos. A semente que caiu no caminho representa os que ouvem a proclamação do Reino de Deus, mas não o acolhem; assim vem o Maligno e leva-o embora. O Maligno, de fato, não quer que a semente do Evangelho brote nos corações dos homens. Esta é a primeira comparação. A segunda é a semente que caiu nas pedras: são as pessoas que ouvem a palavra de Deus e a acolhem imediatamente, mas superficialmente, porque não têm raízes e são inconstantes; e quando chegam as provações e tribulações, essas pessoas se abatem imediatamente. O terceiro caso é o das sementes que caíram entre os espinhos: Jesus explica que se refere às pessoas que ouvem a palavra, mas, por causa das preocupações mundanas e da sedução da riqueza, permanecem abafadas. Por fim, a semente que caiu em solo fértil representa aqueles que escutam a palavra, a acolhem e guardam, e essa dá frutos. O modelo perfeito desta terra boa é a Virgem Maria.
Esta parábola fala a cada um de nós hoje, como falava aos ouvintes de Jesus há dois mil anos. Nos lembra que somos o terreno onde o Senhor incansavelmente lança a semente da Sua Palavra e do Seu amor. Com que disposição a acolhemos? E perguntemo-nos: como está o nosso coração? A qual terreno se parece: com o da beira do caminho, uma pedreira, um arbusto? Depende de nós nos tornar terra boa sem espinhos nem pedras, mas arado e cultivado com carinho, para que possa produzir bons frutos para nós e para nossos irmãos.
E nos fará bem não esquecer que também nós somos semeadores. Deus semeia a boa semente, e também aqui podemos nos perguntar: que tipo de semente sai do nosso coração e da nossa boca? As nossas palavras podem fazer tão bem, mas também tão mal; podem curar e podem ferir; podem encorajar e podem deprimir. Lembrem-se: o que conta não é o que entra, mas o que sai da boca e do coração.
Que Nossa Senhora nos ensine, com o seu exemplo, a acolher a Palavra, protegê-la e fazê-la fecundar em nós e nos outros.
(Depois do Angelus)
Apelo
Dirijo a todos vós um premente apelo para que continueis a rezar com insistência pela paz na Terra Santa, à luz dos trágicos acontecimentos dos últimos dias. Ainda tenho na memória a viva recordação do encontro do passado 8 de Junho, com o Patriarca Bartolomeu, o Presidente Peres e o Presidente Abbas, com os quais invocamos o dom da paz e escutamos a chamada para quebrar o ciclo do ódio e da violência. Alguns poderiam pensar que esse encontro realizou-se em vão. Mas não! Porque a oração nos ajuda a não nos deixarmos vencer pelo mal, nem a resignar-nos que a violência e o ódio levem a melhor contra o diálogo e a reconciliação. Exorto as partes interessadas e todos aqueles que têm responsabilidades políticas a nível local e internacional, para não poupar a oração e algum esforço para pôr fim a todas as hostilidades e alcançar a paz desejada para o bem de todos. E convido-vos a todos vós para vos unirdes na oração. Em silêncio, todos, rezemos. Agora, Senhor, ajuda-nos Tu! Dá-nos Tu a paz, ensina-nos Tu a paz, guia-nos Tu rumo à paz. Abre os nossos olhos e os nossos corações e dá-nos a coragem de dizer: "nunca mais a guerra"; "com a guerra tudo se destrói!" Dá-nos a coragem de realizar gestos concretos para construir a paz ... Faz-nos dispostos a ouvir o grito dos nossos cidadãos que nos pedem para transformar as nossas armas em instrumentos de paz, os nossos medos em confiança e as nossas tensões em perdão. Amém.
Caros irmãos e irmãs,
Hoje celebra-se o “Domingo do Mar”. Dirijo o meu pensamento aos marítimos, aos pescadores e às suas famílias. Exorto as comunidades cristãs, especialmente as costeiras, para que sejam atentas e sensíveis para com eles. Convido os capelães e voluntários do Apostolado do Mar para continuarem o seu empenho no cuidado pastoral destes nossos irmãos e irmãs. A todos, mas de modo especial àqueles que se encontram em dificuldades e longe de casa, confio à materna proteção de Maria, Estrela do Mar.
Uno-me em oração aos Pastores e fiéis que participam da peregrinação da Família da Rádio Maria em Jasna Gora, Czestochowa, agradecendo-lhes pelas orações e abençoando-os de coração.
Saúdo afetuosamente a todos os filhos e filhas espirituais de São Camilo de Lellis, que amanhã marca os 400 anos da sua morte. Convido a Família Camiliana, no auge deste ano jubilar, a ser um sinal do Senhor Jesus que, como bom samaritano, se inclina sobre as feridas do corpo e do espírito da humanidade sofredora, derramando sobre elas o óleo da consolação e o vinho da esperança. A todos os presentes na Praça de São Pedro, bem como aos profissionais da saúde que trabalham nos hospitais e lares de idosos, auguro que cresçam mais e mais no carisma da caridade, alimentado pelo contato quotidiano com os doentes. E por favor, não vos esqueçais de rezar por mim, bom Domingo e bom almoço. Adeus!
Santos Henrique II, imperador (+1024) e Cunegundes, sua esposa (+1033)
Muitos acusam a Idade Média como um tempo de trevas da história, e é fácil pensar assim se não abrirmos os olhos e olharmos para o alto, pois ali é que se encontram as luzes deste período, ou seja, os inúmeros Santos e Santas. Henrique e Cunegundes fazem parte deste "lustre", pois viveram uma perfeita harmonia de afetos, projetos e ideais de santidade.
Henrique era filho de duque e nasceu num castelo na Alemanha em 973. Pertencia a uma família santa e, por isso, foi educado por cônegos e, mais tarde, pelo bispo de Ratisbona, adquirindo assim toda uma especial formação cristã.
Conta-se que espiritualmente se preparou para assumir o trono da Alemanha, sem o saber, pois ainda jovem sonhara com estas breves palavras: "Entre seis". Primeiro, interpretou que teria seis dias antes de morrer mas, como tal não aconteceu, preparou-se em vista a seis meses e em seguida a seis anos, até que por providência assumiu o reinado.
No caso de Henrique, o adágio de que "por trás de um grande homem está uma grande mulher" funcionou, pois casou-se com a princesa de Luxemburgo, Cunegundes que era um mulher de muitas virtudes e inúmeros dons, ao ponto ajudar durante vinte e sete anos o seu esposo na organização do império e na implantação do Reino de Deus. Com a morte de Henrique II e seu reconhecimento de santidade, Conegundes foi morar num mosteiro, onde cortou o cabelo, vestiu hábito pobre e passou a obedecer às suas superioras até ir ao encontro de Henrique no Céu, quando tinha 61 anos.
São João Gualberto, nasceu no inicio do século XI, em Florença, na Itália. Ao encontrar o assassino de seu irmão, foi tomado de ódio e de vingança e o antigo adversário, desarmado, caiu de joelhos e abriu os braços, tacitamente suplicante. Aquela atitude que projectava a sombra de uma cruz, dissuadiu o feroz cavaleiro. Com um gesto inesperado e generoso, ergueu da terra o assassino de seu irmão, abraçou-o em sinal de perdão e disse: "Perdôo-te pelo sangue que Cristo hoje derramou na Cruz". Era uma sexta-feira santa.
Uma grande paz invadiu a sua alma e, a partir desse momento, sua vida mudou completamente. Decidiu abandonar o mundo e foi bater na porta do mosteiro beneditino, vencendo as desculpáveis resistências do pai. Tempos depois, ameaçado pelo próprio abade e pelo bispo de Florença, os quais o acusaram de corrupção, teve de se refugiar entre as selvas dos Apeninos, no monte Vallombrosa, que se tornaria famoso pelo mosteiro que São João Gualberto aí edificou segundo a Regra beneditina. No lugar do trabalho manual colocou muito estudo, leitura e meditação.
De Vallombrosa descem os monges, temperados da Regra beneditina reformada, primeiro à vizinha Florença, depois a várias cidades da Itália, operando a benéfica transfusão de operosa santidade, seguindo o exemplo do santo abade: corrigir com os costumes as próprias instituições civis. Os florentinos confiaram aos monges valombrosianos até as chaves do tesouro e o sigilo da República. O Papa Leão XI realizou uma longa viagem para fazer-lhe uma visita.
São João Gualberto morreu no ano de 1073 e, antes de sua morte, disse aos seus monges: "Quando quiserem eleger um abade, escolham entre os irmãos o mais humilde, o mais doce, o mais mortificado".
São Bento nasceu em Núrsia, na Úmbria, por volta do ano 480.
Após concluir os seus estudos em Roma, retirou-se para o monte Subíaco e entregou-se à oração e à penitência. É o fundador do célebre mosteiro do Monte Cassino. Escreveu ali a sua famosa Regra. É considerado o pai do monaquismo no Ocidente.
Morreu no dia 21 de Março de 547. Duzentos anos após a sua morte, a Regra Beneditina havia-se espalhado pela Europa inteira, tornando-se a forma de vida monástica por toda a Idade Média.
Os monges beneditinos exerceram papel importante na evangelização e nos evangelizadores da Europa medieval.
"Orar e trabalhar, contemplar e agir" é a síntese da Regra Beneditina. A vida religiosa não é privilégio exclusivo de seres excepcionais e bem dotados espiritualmente. É possível a todos os que queiram buscar a Deus. Moderação é a tónica geral. Nela já não se fala de mortificação e de penitências: um bom monge era aquele que não era soberbo nem violento, "não comilão, não dorminhoco, não preguiçoso, não murmurador ..."
Não é de estranhar que o emblema monástico tenha passado a ser a cruz e o arado ...
Com S. Cirilo e S. Metódio, S. Bento foi declarado patrono da Europa.
Antônio Ferreira Viçoso, Gaetana del Santíssimo Sacramento mais perto da beatificação
Papa autoriza promulgação Decretos sobre virtudes heroicas de sete novos Servos de Deus, incluindo o Bispo de Mariana, Antônio Ferreira Viçoso
Por Redação
ROMA, 09 de Julho de 2014 (Zenit.org) - Para sete servos de Deus, a beatificação está mais próxima. Conforme anunciado esta manhã pela Sala de Imprensa da Santa Sé, Papa Francisco recebeu em audiência o prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, Cardeal Ângelo Amato, SDB, e autorizou a promulgação dos Decretos sobre virtudes heroicas.
Os servos de Deus são:
- Antônio Ferreira Viçoso, das Congregação das Missões, Bispo de Mariana, nascido em Peniche, Portugal, em 1787 e falecido, no Brasil, em 1875;
- Saturnino Lopes Novoa, sacerdote diocesano espanhol, co-fundador da Congregação das Irmãs Pobres de los ancianos Desamparados; nascido em Siguenza dia 29 de novembro de 1830, falecido em Huesca dia 12 de março em 1905;
- Giuseppe Augusto Arribat, Sacerdote professo da Sociedade Salesiana de São João Bosco, nascido em Trédou (França) dia 17 de dezembro de 1879 e falecido em La Navarre em 1963;
- Maria Verónica della Passione, monja professa da Ordem dos Carmelitanos Descalços, fundadora do Instituto das Irmãs do Apostolic Carmel; nascida Constantinopla (Turchia) em 01 de outibro de 1823 e falecida em Pau na França em 16 de novembro de 1906;
- Elena da Persino, fundadora do Instituto Secular das Filhas da Rainha dos Apóstolos, nascida em Affi (Italia) em 1869 e falecida em 1948;
- Gaetana del Santíssimo Sacramento (Maria Carlotta Fontana), primeira Superiora Geral da Congregação das Pobres Filhas de São Caetano, nascida em Pancalieri (Itália) de 1870 e falecida em 25 de março de 1935;
- Marcelo Candia, leigo, nascido em Portici (Itália), em 27 de Julho de 1916 e falecido em agosto de 1983.
Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus (Madre Paulina)
Seu nome de batismo era Amábile Lúcia Visintainer. Nasceu no norte da Itália, em 1865, e com dez anos acompanhou seus pais, que emigraram para o Brasil e se instalaram no Estado de Santa Catarina.
Fundou, com finalidades educativas e assistenciais, a Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, da qual foi eleita superiora geral vitalícia.
Anos depois, em São Paulo, para onde se havia transferido a casa-mãe da congregação, foi injusta e precipitadamente punida pelo arcebispo de São Paulo, que a demitiu das funções de superiora e a proibiu de, no futuro, exercer qualquer cargo de mando na Congregação. Aceitou com virtude heroica essa punição abusiva e irregular do ponto de vista do Direito Canônico, e passou mais de trinta anos como simples religiosa, modelo de obediência e humildade, sem nunca exercer qualquer função diretiva na obra da qual era fundadora. Faleceu pronunciando o que sempre foi o lema de sua vida: "Faça-se a vontade de Deus!" Foi beatificada por João Paulo II, em 2002.
Santa Maria Goretti ou Marieta, como também era chamada, foi uma daquelas santas que morreram pelo facto de não quererem cometer pecado. Nascida na cidade de Corinaldo, província de Ancona, Itália, Maria Goretti e sua família foram obrigados a mudar-se para o inóspito Agro Pontino, na localidade de Ferrieri di Conca, em busca de trabalho.
Seus pais trabalhavam na lavoura enquanto Maria cuidava dos seus quatro irmãos mais novos.
Pouco tempo depois, quando a menina tinha dez anos, seu pai morreu de doença grave. Sua mãe, Assunta, trabalhava duramente no campo para ganhar o sustento da casa. Além de cuidar da casa e dos irmãos, Maria aproveitava o tempo que lhe restava para correr até à Igreja mais próxima e aprender o catecismo. Aos doze anos, num domingo de Maio, pôde fazer a primeira comunhão. Apesar de ter somente doze anos, Maria Goretti era muito crescida, o que chamou a atenção de um jovem garoto de 18 anos, Alexandre Serenelli. Um dia, aproveitando um momento em que Maria estava sozinha com sua irmã mais nova, Alexandre procurou seduzí-la. Diante da resistência da jovem menina, Alexandre apunhalou-a com vários golpes. A santa foi transportada ao hospital e antes de morrer perdoou ao assassino com as seguintes palavras: "Por amor a Jesus perdôo e quero que venha comigo para o paraíso". Alexandre foi condenado a trabalhos forçados até os 27 anos, altura em que foi absolvido por boa conduta. Ele conta ter tido uma visão da pequena mártir, que o fez mudar de vida. Maria Goretti foi canonizada em 1950.
Santo Antônio Maria Zacarias, presbítero, fundador, +1539
Nasceu em Cremona, por volta de 1502. Sua mãe tinha 18 anos quando ficou viúva. Embora rico, vestia-se com modéstia e escolheu a profissão de médico para ficar mais perto da gente humilde e servir o povo. Em 1528, com 26 anos, abandonou a medicina e fez-se sacerdote. Partiu para Milão e com a ajuda de dois amigos, Tiago Morigia e Bartolomeu Ferrari, fundou a congregação dos Clérigos Regulares de São Paulo.
Os "Barnabitas", assim chamados porque residiam junto à igreja de São Barnabé, em Milão, obedeciam a uma Regra e professavam os votos religiosos. Mas não se consideravam monges nem frades. O seu carisma específico era evangelizar e administrar os sacramentos, promovendo a reforma do clero e dos leigos.
Com a ajuda de Luísa Torelli, Condessa de Guastalla, surgiu a congregação feminina das Angélicas, para a reforma dos mosteiros femininos. Santo António Maria Zacarias ajudou na preparação do Concílio de Trento, cuja influência ainda persiste na Igreja de nossos dias. Foi também promotor da devoção à Eucaristia e da adoração ao Santíssimo Sacramento. Morreu em 1539, aos 37 anos, na mesma casa onde tinha nascido, tendo a seu lado sua mãe.